Em 2050, o planeta terá 9,6 bilhões de pessoas. Para alimentar toda essa gente serão necessários pelo menos 3,2 bilhões de toneladas de alimentos, todo ano. A previsão foi feita no final desta quarta-feira 8, pelo pesquisador Luiz Fernando Leite, chefe-geral da Embrapa Meio-Norte, na palestra Inovação no Agro: Segurança Alimentar e Políticas Públicas, no II Congresso das Cidades do Piauí. “Os desafios até 2050 são as mudanças climáticas, pobreza, desigualdade, perda e desperdício de alimentos e pressão sobre os recursos naturais”, disse.
Falando a pesquisadores, técnicos, empresários e estudantes, na sala dois do Espaço Técnico do centro de convenções Atlantic City, ele disse acreditar que para vencer esses desafios a inovação no agronegócio terá que andar de mãos dadas com o melhoramento genético de plantas e animais, a robótica, a informática e a nanotecnologia.
“Nos últimos 10 anos, o setor de alimentos saudáveis cresceu 870%. Esse avanço só foi possível porque solos ácidos foram transformados em solos férteis; tropicalização de sistemas de produção com técnicas sustentáveis, além do empreendedorismo”, garantiu.
Leite destacou o trabalho da Embrapa em várias frentes, como o melhoramento genético do feijão-caupi, com o desenvolvimento da cultivar BRS Imponente, com foco no mercado externo, e a expansão da cultura para os estados do Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O sistema integrado de produção de alimentos (Sisteminha Embrapa), conhecido e premiado internacionalmente, foi outra ação destacada pelo pesquisador. Sucesso na agricultura familiar, o sistema “pode gerar um ganho líquido que vai de R$ 4.501,00 a R$ 12.500,00”.
Uma das grandes vitrines de ativos tecnológicos no combate à fome oculta, o projeto BioFort, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates e conduzido no Brasil pela Embrapa, mereceu um capítulo à parte na palestra. Leite disse que só no Piauí a ação alcança pelo menos 3.500 famílias de pequenos agricultores que receberam sementes de feijão-caupi e milho, ramas de batata-doce e manivas de macaxeiras.
O esforço do Programa Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que ocupa hoje 1,2 milhões de hectares no Matopiba, área que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, foi outro destaque. “O ILPF trabalha para duplicar a produção de grãos e produtos florestais e triplicar a produção pecuária nos próximos 20 anos”, disse o pesquisador.
O chefe-geral da Embrapa Meio-Norte lembrou ainda o trabalho da estatal no cruzamento entre os bovinos Curraleiro Pé-Duro e raças comerciais, como a Nelore, que teve como resultado o boi Tropical. Ele falou também do trabalho com o sistema alternativo de criação de galinhas caipiras, “presente hoje em 13 territórios da cidadania no Piauí, Maranhão e Minas Gerais”.
Empreendedorismo social
Em outro ambiente do evento, no Espaço Governo, o pesquisador Luiz Carlos Guilherme, também da Embrapa Meio-Norte, foi destaque também no II Congresso das Cidades do Piauí. Na mesma quarta-feira 8, às 17 horas, ele falou na Oficina Empreendedorismo Social no Município, com o tema Como a ciência pode resolver o problema da fome no seu município.
Guilherme, o criador do Sisteminha Embrapa, mostrou, em detalhes e com números, as oportunidades que a ação oferece às famílias de baixa renda. Modelo agrícola sustentável, o sistema é uma saída para melhoria da alimentação e renda familiar: “Ele consiste em um tanque de piscicultura, construído artesanalmente, galinheiro, minhocário, hidroponia, abrigo para compostagem, além de uma horta periférica”.
O tanque de piscicultura tem capacidade para 5000 litros, e funciona com um sistema de recirculação de água. A capacidade de produção é de 25 quilos de tilápia em 3 ciclos por ano. Os peixes podem pesar de 150 a 200 gramas ao final de cada ciclo. Todo o sistema reutiliza a água do tanque de piscicultura, o que reduz os custos de produção e aumenta a oferta de alimentos. O sistema é montado em lotes de 100 a 1.000 metros quadrados.
Fonte: Site da Embrapa.