“Sinceramente, não estamos vendo nenhuma [chance de os preços voltarem a subir] a curto prazo. A não ser algum fator imponderável, que ainda não é visto no radar, mas que é perfeitamente possível, como uma seca sobre as safras na América do Sul, ou um novo tweet imprevisível do [Donald] Trump, ou algo que nem conseguimos hoje imaginar”. A avaliação é da T&F Consultoria Agroeconômica.
Ao contrário, afirmam os especialistas, os fatores que estão mais presentes no mercado são negativos: “Tais como o coronavírus, que está atingindo o coração da economia chinesa e mundial, reduzindo o comércio internacional e enfraquecendo as economias mundiais, embora levemente, mas, elas não tem a mesma pujança que tinham antes desta doença”.
“E o principal é que ela pode afetar as importações de soja americana, que é o principal fator de queda hoje em Chicago, porque vai frontalmente contra toda a expectativa que se criou com o Acordo. Por outro lado, podem fazer aumentar as importações de carnes do Brasil, aumentando nossa demanda interna de farelo de soja e milho”, explica a T&F.
China continuará comprando do Brasil?
De acordo com os analistas, sim, e já demonstrou isto inúmeras vezes. “No mesmo dia em que assinava o Acordo com os EUA (e os americanos estavam sentindo o cheiro de novas compras), a China não comprou nada de soja americana e adquiriu 750 mil toneladas (12 navios) de soja brasileira. E continuou comprando nas semanas seguinte, inclusive hoje, sexta-feira, 31 de janeiro, quando arrematou dois cargos (120 mil tons)”.
O próprio ministro chinês disse que “a assinatura do acordo com os EUA não prejudicará os demais fornecedores do país”. E isso ocorre simplesmente porque os Estados Unidos não podem atender a China completamente, então os chineses usam este duplo fornecimento para jogar um contra o outro e conseguir preços menores.
“Uma nova situação se estabeleceu com o coronavirus, que pode, eventualmente, adiar embarques e contratos já feitos ou deixar de realizar novos contratos para evitar contaminação por navios. Isto ainda não aconteceu, mas poderá ocorrer”, apontam os analistas.
E o dólar, vai ajudar?
“Sim! As pesquisas semanais do Relatório Focus, editado pelo Banco Central do Brasil e feito junto aos executivos das 100 maiores instituições financeiras do país registram, há várias semanas, que o dólar não deverá cair de R$ 4,00 até 2022 (!). E, nesta sexta-feira, diante da conjuntura internacional, causada pelo coronavírus, a moeda americana atingiu o seu pico mais elevado de todos os tempos, atingindo R$ 4,2873/US$. Era dia de fixar algum lote de divisas para exportações futuras”, conclui a T&F Consultoria Agroeconômica.
Fonte: Site Agrolink.