Ainda falta pouco mais de uma semana para dezembro, mas os meteorologistas da Somar já desenharam cenários e estabeleceram onde os produtores rurais podem esperar chuva dentro, acima ou abaixo da média climatológica para o mês. Dezembro será muito importante no desenvolvimento da safra de verão porque grande parte das lavouras vai estar nas fases de florada e enchimento de grãos, estágios fenológicos em que a planta necessita de mais umidade.
“Mesmo com a instalação do plantio de forma tardia, se chover bem em dezembro, tudo vai transcorrer bem também na safra de grãos 2019/2020. estamos vendo situações clássicas de chuva no verão do Brasil, algo que não se observava há muito tempo”, comenta Celso Oliveira, meteorologista da Somar.
A chuva deve ficar acima da média em grande parte do Sudeste e Centro-Oeste, com exceção do oeste de São Paulo e Mato Grosso do Sul que devem ter a chuva dentro da média climatológica para dezembro. Toda a região Norte do Brasil aponta chuva acima da média e algumas cidades produtoras do Pará já começaram a indicar isso agora no fim de novembro.
Em Dom Eliseu, nordeste do Pará, o volume chegou a 40 milímetros nas últimas 24 horas e esta foi a primeira chuva significativa do ano agrícola que os produtores da região consideram ter começado em setembro. Em áreas do entorno do Matopiba, o volume chegou a 70 milímetros.
No Nordeste do Brasil, as chuvas devem ficar acima do normal bem nas maiores áreas produtoras da região: Maranhão, Piauí e oeste da Bahia. nas outras localidades pode se esperar chuva dentro da média que normalmente é bem baixa nesta época do ano. Já o Sul do Brasil merece atenção. Depois de um outubro e novembro com chuvas volumosas, os modelos numéricos de previsão do tempo se atualizaram e agora indicam volumes até 50 milímetros abaixo da média no centro-sul do Rio Grande do Sul.
“Os produtores de soja do estado que sofreram com o replantio por causa do excesso de umidade vão enfrentar um dezembro bem mais irregular”, explica Celso. Já o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná podem esperar volumes dentro do normal para dezembro. A alternância entre períodos úmidos e janelas mais breves de tempo seco será uma grande característica desta safra e este comportamento climático é bom para a agricultura e ruim para o setor de energia que entra pelo oitavo ano consecutivo com a bandeira vermelha.
As temperaturas em dezembro
Em relação às temperaturas, dezembro de 2019 pode ter máximas abaixo da média em grande parte do Sudeste, onde a chuva tende a ser acima do normal. “Dias mais nublados não trazem picos de temperatura”, diz Celso. O calor vai ser acima do normal no Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina e do Paraná, Mato Grosso do Sul, sudoeste de Goiás e sul de Mato Grosso, além de toda a faixa leste do Nordeste. Nas demais localidades do país, tudo conforme o esperado para dezembro.
Os acumulados dos últimos dias
Os últimos sete dias foram marcados por chuvas irregulares numa faixa que vai desde o Norte até o Sudeste. Em alguns pontos de Rondônia, Mato Grosso e Minas Gerais os acumulados passaram dos 150 milímetros no período. Porém, a distribuição ainda não for generalizada. Cidades de Mato Grosso do Sul, sul de Goiás, oeste e noroeste de São Paulo e o Sul do Brasil tiveram apenas pancadas isoladas, com valores de menos de 15 milímetros.
Esta também é a situação do Matopiba. Apesar de ter voltado a chover recentemente, o acumulado e a distribuição ainda não foram suficientes para elevar os índices de umidade do solo. Dos estados que compõem esta área, apenas o Tocantins é que recebeu chuvas de até 50 milímetros no período.
Os números da safra
Quanto aos números da safra, no Paraná, o plantio já alcança 89% de toda a área destinada. Tivemos atraso na semeadura este ano devido à falta de umidade no solo anteriormente, o que impossibilitou as atividades de campo. No momento 79% da área plantada já se encontra em fase de desenvolvimento vegetativo no Paraná, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral).
Em Mato Grosso, a regularização das chuvas permitiu o avanço acelerado da semeadura sem grandes problemas. Segundo dados do IMEA, cerca de 100% da área já foi semeada. Em relação à safra 18/19, houve um crescimento de 1,14% em relação à área plantada do grão no estado este ano. Até o momento, o órgão estima uma produtividade de 56,04 sacas por hectare (ou um acréscimo de 4,43% em relação ao ano passado).
No Rio Grande do Sul, de acordo com levantamento feito pela Emater/RS, 28% da área destinada a cultura foi semeada, frente aos 46% em relação ao mesmo período na safra passada. O atraso se deu à quantidade de chuva observada no início da primavera no estado e aos valores ainda elevados de umidade do solo, para movimentação de maquinário agrícola. Das lavouras instaladas, 100% se encontram em germinação/desenvolvimento vegetativo e e, sua maioria, apresentando boa qualidade. Apenas no noroeste do estado houve necessidade de replantio por conta de excesso de umidade e doenças fúngicas na germinação.
Fonte: Site do Canal Rural.