Especialistas debatem descarbonização e sustentabilidade da agropecuária.

O Seminário “Descarbonização e sustentabilidade da agropecuária” foi realizado dia 18 de maio, durante a 15ª Semana de Integração Tecnológica, na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas. O evento reuniu especialistas para mostrar como as tecnologias e o uso das boas práticas agropecuárias contribuem para a baixa emissão de carbono.

Ana Paula Packer, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, falou sobre “Oportunidades e desafios para o mercado nacional e internacional de carbono”. “O Brasil tem a capacidade de ser o maior gerador de créditos de carbono do mundo. Só no mercado voluntário, podemos suprir até 37,5% da demanda mundial até 2030, gerando US$ 100 bilhões em créditos. Desse valor, 75% da oferta virá da agricultura, da pecuária e da floresta”, disse Packer, citando dados do ICC Brasil.

Entre as ações implementadas pelo Brasil para uma agenda produtiva, Packer mencionou o Código Florestal, que contribui para a expansão inteligente e planejada da agricultura; o Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que preconiza a produção de baixo impacto com ganhos em resiliência; a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que promove uma adequada expansão do uso de biocombustíveis; e a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais.

 “Aumentar ou manter o carbono do solo na agricultura pode contribuir para mitigação e tornar a agricultura mais resiliente à variabilidade e à mudança climática”, disse o cientista Marcelo Valadares Galdos, da Rothamsted Research, em sua palestra “Indicadores e métricas de carbono em sistemas agropecuários tropicais”.

Galdo pontuou que o desafio de monitorar carbono do solo em escala requer uma abordagem integrada com amostragem no campo, modelagem, sensoriamento remoto e novas tecnologias de análise. “É essencial desenvolver soluções locais e regionais apropriadas, considerando cenários de clima, uso da terra e manejo”, frisou.

Boas práticas agropecuárias

O pesquisador Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte, explicou que a adoção das boas práticas agropecuárias favorece as condições químicas, físicas e biológicas do solo, contribuindo para o acúmulo de carbono no solo. Consequentemente, outros benefícios são alcançados como a melhoria da produtividade e da resiliência do sistema de produção frente a eventos climáticos extremos.

“Na pecuária de corte, o manejo adequado da pastagem e dos animais, também contribui com a diminuição da emissão de metano. Outra importante estratégia para mitigação ou compensação das emissões de carbono são os sistemas de integração, seja com lavoura e ou floresta, adaptados às condições regionais, que apresentam grande potencial para uso mais eficiente dos recursos e efeito poupa-terra”, disse Giolo.

Todas estas iniciativas estão alinhadas ao Plano ABC+ do MAPA, que tem metas para mitigação da emissão de carbono a serem alcançadas em 2030. Segundo Giolo, “o carbono é um indicador que serve para aprimorar o desempenho econômico da propriedade, diminuir o impacto ambiental da agropecuária e pode ser uma oportunidade de crédito extra para o produtor rural”.

Ele destacou que já existem alternativas disponíveis ao produtor, como linhas de crédito rural para tecnologias do Plano ABC+, CPR verde e outras finanças verdes. Sobre o crédito de carbono, entretanto, um projeto de lei que trata do tema ainda está em tramitação no Congresso Nacional.

Por fim, Giolo explicou sobre o protocolo para produção de carne com baixa emissão de carbono ou Carne Baixo Carbono® (CBC) desenvolvido pela Embrapa. “Este protocolo está associado a um processo de certificação que deve estar disponível no mercado ainda neste ano, por meio da plataforma Agri Trace Rastreabilidade Animal do Sistema CNA/SENAR e com a parceria da Marfrig Global Foods”, informou o pesquisador.

O Caso Antecipe

No seminário, o pesquisador Décio Karam, da Embrapa Milho e Sorgo, apresentou “Estratégias para redução de risco na agricultura – o caso Sistema Antecipe”. “O Antecipe é uma tecnologia disruptiva que visa à redução de riscos, contribuindo para a descarbonização e a agricultura sustentável”, afirmou Karam.

Diferentes estudos mostraram ganhos de produtividade proporcionados pela tecnologia Antecipe desenvolvida pela Embrapa. A Técnica ajuda a diminuir os efeitos causados pelas incertezas do clima na segunda safra. Em experimentos conduzidos em Goiás, Minas Gerais, Paraná e São Paulo, o Antecipe resultou em 46 sacas de milho a mais por hectare.

A tecnologia agrupa um sistema inédito de produção de grãos e uma semeadora-adubadora – desenvolvida pela Embrapa e aprimorada pela empresa Jumil. O milho é semeado pelo equipamento nas entrelinhas de soja, durante o estádio R5 da leguminosa. Na hora da colheita, o milho é cortado junto com a soja, ficando apenas um pequeno caule de cada planta do cereal. Só que, nesse momento, toda a lavoura de milho já está implantada, com raízes em pleno desenvolvimento e pronta para continuar crescendo. Esse plantio antecipado permite um ganho de até 20 dias e faz o cereal aproveitar condições climáticas mais favoráveis.

Sistemas de produção sustentáveis

A pesquisadora Márcia Cristina Teixeira da Silveira, da Embrapa Pecuária Sul, apresentou o projeto de pesquisa realizado na Fazenda Trijunção, na região Oeste da Bahia. O trabalho visa promover a intensificação agrícola, para a sustentabilidade do uso de solos arenosos.

Ela relatou que “com a adoção e o monitoramento dos indicadores e dos requisitos, é possível a produção de carne de maneira mais eficiente e com menor impacto ambiental. O manejo é a ferramenta que nos permite dar mais um passo na busca pela eficiência produtiva. A eficiência leva em conta a qualidade do produto e do ambiente de produção”.

Para mostrar os resultados obtidos na Fazenda Trijunção, o convidado foi o gerente Allan Bruno Almeida de Figueiredo. Em seguida, o empresário José Arnaldo Cardoso Penna falou sobre a produção de alimentos de proteína animal suína na Granja Barreirinho.

FONTE: embrapa.br

Foto: Guilherme Viana

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