O valor do leite pago ao produtor em junho (pelo produto captado em maio) ficou praticamente estável frente ao mês anterior. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a “Média Brasil” líquida[1] fechou a R$ 1,5278/litro neste mês, ligeira alta de 0,68% em relação à de maio/19, mas 13,9% superior à registrada em junho/18, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de maio/19). Os únicos estados que não seguiram a tendência de estabilidade foram o Paraná e o Rio Grande do Sul, onde as médias mensais subiram 2,93% e 2,86%, respectivamente, de maio para junho.
Desde o início do ano, os preços do leite ao produtor já subiram 21,1% na “Média Brasil” líquida. Essa expressiva valorização está atrelada ao cenário de elevada competição entre indústrias para garantir a compra de matéria-prima e à menor oferta neste primeiro semestre. A disponibilidade de leite tem sido limitada pelas condições sazonais (redução de chuvas no Sudeste e Centro-Oeste e diminuição da qualidade das pastagens), mas também pela maior insegurança de produtores em realizar investimentos desde 2017. Nos últimos dois anos, a diminuição do poder de compra das famílias brasileiras e a “gangorra” de preços do leite prejudicaram os investimentos dentro da porteira, com efeitos sendo sentidos no longo prazo.
No entanto, os laticínios enfrentam dificuldades em repassar as valorizações da matéria-prima ao consumidor, tendo em vista a estagnação econômica. O aumento da concorrência dos laticínios também na venda dos derivados e a pressão dos canais de distribuição nas negociações têm corroído as margens das indústrias. Para os próximos meses, agentes do setor acreditam em quedas graduais nos preços do leite ao produtor.
25 ANOS DE LEVANTAMENTO DE PREÇO DE LEITE – Em julho de 2019, o Cepea completa 25 anos de levantamento de preços do leite ao produtor. Iniciada em julho de 1994, a coleta de dados tinha como foco os valores brutos para os estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. De lá para cá, muita coisa mudou e o Cepea tem orgulho de participar da evolução do setor lácteo nacional.
Sob a coordenação do professor da Esalq/USP Sergio De Zen, a Equipe de Leite do Cepea mantém pesquisas diárias, quinzenais e mensais sobre preços no campo e na indústria. Atualmente, são coletados mais de 35 mil dados todos os meses. No caso da pesquisa do leite ao produtor, o volume da amostra do Cepea representa, em média, 30% da quantidade da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE para os sete estados que compõem a “Média Brasil”. O levantamento de preços do Cepea só é possível porque agentes colaboradores da cadeira láctea relatam seus negócios de forma voluntária e também por conta de apoios financeiros, como os da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), da Viva Lácteos (Associação Brasileira de Laticínios) e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Formado por pesquisadores da Universidade de São Paulo, a missão do Cepea é gerar conhecimento estratégico fundamentado em base cientifica para auxiliar a tomada de decisão dos agentes da cadeia láctea, trabalhando de forma transparente e neutra para articular as demandas e contribuir com o processo de coordenação do sistema agroindustrial do leite, que vem ganhando força ano a ano.
Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de maio/19)
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
[1] Considera os preços do leite recebido por produtores sem frete e impostos dos estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS.
ASSESSORIA DE IMPRENSA: Outras informações sobre o mercado lácteo aqui e por meio da Comunicação do Cepea, com a pesquisadora Natália Grigol e Prof. Dr. Sergio De Zen: (19) 3429 8836 / 8837 e cepea@usp.br.
Fonte: Site do Cepea.