Em momento histórico, o Mercosul e a União Europeia fecharam nesta sexta-feira, dia 28, em Bruxelas, o acordo comercial entre os dois blocos. Nos últimos dois dias, os ministros intensificaram as negociações para colocar em prática uma parceria após 20 anos.
Desde quarta-feira, dia 26, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participou de reuniões com autoridades da Comissão Europeia. A primeira foi com o comissário Vytenis Andriukaitis, responsável pela Direção-Geral de Saúde e Segurança dos Alimentos, quando foram tratados temas bilaterais. A ministra destacou que o Ministério da Agricultura avançou muito na governança e transparência dos processos de controle sanitário, além de ressaltar que o Brasil exporta alimentos de qualidade para 160 países, inclusive os da União Europeia. Foram na ocasião atualizadas as conversas sobre a pauta de exportações.
Em outro encontro, a ministra esteve com o comissário europeu para a Agricultura e Desenvolvimento Rural, Phil Hogan, e repassou as propostas comerciais que estão na mesa de negociação para o acordo.
Desde 1999, os integrantes do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e os 28 países da União Europeia iniciaram negociação para um acordo de livre comércio, que poderá ter mais de 770 milhões de consumidores e PIB estimado de 18 bilhões de euros. As conversas foram interrompidas em 2004 e retomadas em 2010.
Em 2018, a corrente de comércio (soma das exportações e importações) entre Mercosul e União Europeia resultou em US$ 94 bilhões, conforme estatísticas internacionais de comércio. O bloco europeu é o segundo maior parceiro comercial do bloco sul-americano, ficando atrás apenas da China (US$ 120 bilhões, corrente comercial com o Mercosul no mesmo ano).
Os sul-americanos vendem, principalmente, produtos agropecuários. Já os europeus exportam produtos industriais, como autopeças, veículos e farmacêuticos.
No ano passado as exportações agrícolas brasileiras para a União Europeia chegaram a US$ 13,6 bilhões. O farelo de soja lidera a lista (US$ 3,4 bilhões). As importações do Brasil resultaram em US$ 2,2 bilhões, principalmente de azeite (US$ 362,5 milhões) e vinhos (US$ 156,6 milhões) do bloco europeu.
Agronegócio
De acordo com Benedito Rosa, comentarista do Canal Rural e ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, três produtos brasileiros podem se beneficiar do acordo com o bloco europeu, que representa 25% do comércio mundial: carne bovina, etanol e frutas.
“Queríamos uma cota de exportação de 320 mil toneladas de carne bovina e um bilhão de litros de etanol com tarifa zero. A União Europeia deve oferecer pouco menos de 100 mil toneladas e meio milhão de litros, mas são bons números. Nossos vizinhos já possuem acordo para frutas, nós iríamos equilibrar isso”, conta.
Em contrapartida, a UE pleiteia o direito de enviar para o Mercosul produtos lácteos, trigo, cevada, azeite de oliva e bebidas, especialmente o vinho. “Isso incomoda muito alguns produtores, principalmente do Sul do Brasil e da Argentina, que temem concorrência”, diz.
Fonte: Canal Rural.