PIB DO AGRONEGÓCIO PECUÁRIO BRASILEIRO 2018 – CEPEA/ESALQ/CNA
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da ESALQ/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), fechou 2018 com resultado praticamente estável na comparação com o ano anterior, com leve recuo de 0,01%.
Entre os segmentos, insumos (12,40%) e indústria (1,66%) apresentaram altas no ano, enquanto primário (-2,10%) e agrosserviços (-1,25%) recuaram. Já em dezembro, apenas insumos registrou crescimento (1,33%), verificando-se baixa nos demais: -0,20% primário, 0,19% indústria e -0,14% serviços.
Para o leite, a elevação do faturamento associou-se aos maiores preços (+6,17%), dado que a produção no ano apresentou ligeira alta (+0,48%). De acordo com a equipe Leite/CEPEA, o ano foi marcado pela intensa valorização do leite ao produtor, o que esteve atrelado à oferta limitada – com a saída de vários produtores da atividade devido ao baixo patamar de preços verificado ao final de 2017 – e à maior competição entre empresas para assegurar a compra de matéria-prima. Porém, a equipe também destaca que o consumo de lácteos no Brasil está fortemente atrelado à renda da população e, desta forma, apesar da alta acumulada em preço, a demanda doméstica enfraquecida ao longo de 2018 impediu uma recuperação mais intensa.
INFORMAÇÕES DA CADEIA PRODUTIVA DE BOVINOCULTURA DE LEITE NA REGIÃO TOCANTINA
O Brasil apresenta 90% de sua produção de leite de forma extensiva, com proteína oriunda de pastagens e as unidades produtivas com baixa escala (familiar) e baixa produtividade (média de 4,5l/dia/vaca), além de utilizar técnicas de produção arcaicas (monta natural, pastagens sem manutenção e balanço biológico e poucos cuidados veterinários).
Nesse cenário, aparece o Brasil como um produtor com maior capacidade de expansão mundial (área e produtividade) para aproveitar a forte demanda do mercado interno e externo.
O Estado do Maranhão aparece como o quarto produtor do Nordeste (sendo o segundo em área e segundo em rebanho) indicando um grande potencial produtivo ainda não explorado.
A regulamentação sanitária, associada à intensificação da fiscalização, obrigou a cadeia a uma mudança de procedimentos que resultou em novas formas de comercialização.
A produção de leite ocorre praticamente em todo o Estado, mas as principais áreas de produção encontram-se na região Tocantina e no Médio Mearim.
A importação de leites e derivados no Maranhão, somente no ano de 2014, foi de R$ 1.007.869.071,00 (Um bilhão, sete milhões, oitocentos e sessenta e nove mil e setenta e um reais), dados estes formalizados na Secretaria Estadual da Fazenda, não entrando aqui o mercado informal. Enquanto isso, a capacidade ociosa dos laticínios do Estado estão acima de 50%.
A informalidade do setor, ocasionada pela péssima estrutura de captação de leite frio, hábito de consumo da população e não cumprimento da legislação sanitária são alguns dos motivos para o desabastecimento da indústria local. Outro importante aspecto da atividade leiteira que deve ser evidenciado é o alto grau de concentração de mão-de-obra apresentado pelo setor. É sabido que a representatividade do leite e seus derivados na geração de emprego é linear e superior a setores como a construção civil, siderurgia, indústria têxtil, indústria de automóvel, entre outros, o que demonstra a importância do setor na geração de emprego, renda e, consequentemente, tributos, que neste caso só perde para a construção civil.
Atualmente temos 675 produtores de leite atendidos em 24 municípios; a parte zootécnica de produção tem se mostrado ascendente com esses produtores, com médias, em algumas regiões, já superiores à média nacional. Percebe-se também maior controle de gestão das propriedades leiteiras e um maior preparo para enfrentar o período do segundo semestre, onde a falta de chuvas normalmente ocasiona uma queda na produção de leite, fato que vem diminuindo visivelmente nas propriedades assistidas.
No setor secundário, o alinhamento tributário ocorrido impulsionou as indústrias locais e a distribuição de alguns equipamentos para produtores, como tanques de resfriamento e ordenhadeiras mecânicas, trazem um impacto muito grande na melhoria da qualidade do leite recebido por esses laticínios.
Algumas rodadas de negócios com o setor terciário também trouxeram resultados positivos na cadeia do leite.
Apesar de resultados promissores, ainda temos muito que caminhar. Aspectos como o solo, clima, quantidade de luminosidade, índice pluviométrico, entre outros, indicam o Estado como um dos mais promissores para a produção de leite. Uma assistência técnica contínua leva a resultados que, se projetarmos para toda a região, eleva o Maranhão para um patamar de um dos maiores produtores de leite do Brasil.
Os números iniciais nos animam muito: fazendas que produziam 90 litros de leite/dia hoje apresentam uma produção acima de 500 l/dia. A média de animais era de 1 animal por hectare; atualmente, fazendas já trabalham com 12 animais por hectare, como a Fazenda São José, em Porto Franco, e ainda não foi iniciado um projeto de melhoramento genético, que impulsionará muito mais a região.
Com o aumento da produção, as oportunidades de investimento aparecem; grandes laticínios já se mostram interessados, como é o caso da Piracanjuba. Mas em várias áreas surgem oportunidades, como casas agropecuárias (para vendas de sementes, vacinas, ração, etc), vendas de máquinas e implementos agrícolas, fábricas de embalagens para laticínios e fábricas de insumos para produção de laticínios, entre tantas outras que o aumento da produção naturalmente fomentará.
Dentre os principais entraves para a Cadeia Produtiva da Bovinocultura de Leite na Região Tocantina podemos citar:
- Infraestrutura: Estradas vicinais em péssimo estado e energia elétrica insuficiente;
- Burocracia para conseguir outorga d’água e licenciamento ambiental;
- Assistência técnica insuficiente na região; e
- Produtores desorganizados, sem cooperativas e/ou associações.