Em entrevista ao Giro do Boi desta quinta, 17, o presidente da Asbia e diretor-geral da ABS Pecplan, Márcio Nery Magalhães Júnior, celebrou os números expressivos do avanço do uso do melhoramento genético de bovinos de corte no Brasil, que cresceu 188% nos últimos dez anos.
“Existe uma valorização enorme da cria como nunca se viu. Esta valorização da cria inicia um processo de retenção de matrizes, inicia um processo de busca por precocidade, os pecuaristas querem que as novilhas emprenhem mais cedo e esta busca se faz com nutrição adequada, manejo adequado, mas fundamentalmente a genética é a chave que engatilha todo este processo de precocidade, eficiência. E a busca por matrizes de melhor qualidade está fazendo esta corrida muito forte por melhoramento genético”, apontou Nery entre as razões para a evolução do mercado de genética.
No primeiro semestre de 2020 as vendas de doses de sêmen de bovinos de corte alcançaram 8,9 milhões de doses, um crescimento de 33% sobre o mesmo período de 2019. A expectativa é que, mantendo-se a tendência, o setor termine o ano com a venda de quase 25 milhões de doses, o que representaria um salto de 16% para 20% das fêmeas de corte em idade reprodutiva sendo inseminadas.
“Foram 18,5 milhões de doses no ano completo de 2019. Se nós aplicarmos 33% de crescimento, ou seja, mantivermos esta taxa de crescimento, a gente passa um pouco de 24 milhões. Mas acontece que este terceiro trimestre do ano, julho, agosto e setembro, […] está dando sinais de que incrementar ainda mais a velocidade do uso do melhoramento genético. É muito provável que a gente encoste, chegue muito perto de 25 milhões de doses, sim”, projetou Nery.
Para o presidente da Asbia, o percentual, apesar de não ser tão expressivo em termos absolutos, coloca o Brasil em posição de destaque em comparação com seus principais concorrentes. “Aproximadamente, apesar do percentual ainda ser pequeno, ele é mais do que o dobro do que os nossos concorrentes, como Estados Unidos, Austrália, Argentina, Uruguai. Foi através da locomotiva da IATF, que tem sido um veículo importante para atender esta demanda do pecuarista em querer usar a inseminação artificial. Sem a IATF nada seria feito. Então a gente passou nos últimos cinco anos talvez de 10% para 16%. Ou seja, são 60% no aumento do uso da inseminação artificial no percentual de vacas que são servidas por este melhoramento genético. E aí, sim, podemos chegar a 20%. O Brasil já é, de longe, o principal mercado de genética para corte no mundo”, opinou.
O avanço dos últimos anos fez com que o crescimento acumulado das vendas de sêmen de gado de corte crescessem 188% na última década (veja gráficos abaixo). “Nós precisamos colocar a pecuária brasileira, que já é extremamente competitiva, num patamar de imbatível. Nós produzimos leite com qualidade, quantidade, com preço para o consumidor final que atende também ao produtor. No corte, já somos imbatíveis. É inequívoca esta competitividade do Brasil”, comentou.
De acordo com Nery, o custo da genética no país torna seu uso mais atrativo. “O custo da genética (que varia de 1 a 3% do custo de produção da arroba), o impacto financeiro é muito baixo e é um insumo permanente dentro da propriedade. Você planta esta semente genética esse ano e ela vai atuar durante todas as gerações do seu rebanho”, comparou. “E outro ponto muito importante: o melhoramento genético é a melhor ferramenta para responder à demanda por sustentabilidade ambiental. […] Se tivéssemos, em média, o melhoramento genético que as fazendas que usam inseminação têm, o desempenho, poderíamos ter a metade das terras ocupadas pelo boi e o dobro de produção seguramente. […] Ela atua no aumento de produção de arrobas por hectare, de tamanho de carcaça, mas também atua na ponta importante da redução de custo, na precocidade, na fertilidade, na eficiência alimentar, na resistência a doenças. E lucro é uma razão simples: é produção menos o seu custo”, acrescentou.
Para que os criadores do País continuem com o bom desempenho da inseminação mesmo em meio a um período de seca prolongada, Nery recomendou que o produtor coloque sua fêmea que esteja em escore pior do que o ideal ao menos em um início de curva de ganho de peso antes de começar a estação de monta. Segundo Nery, este fator, combinado com a evolução da qualidade dos protocolos de IATF mais modernos, pode garantir o desempenho satisfatório da estação de monta e a produção de mais bezerros do cedo.
Nery comentou também quais são as engrenagens que compõem os próximos desafios da IATF no Brasil (imagem abaixo). “O desafio da super precoce, o desafio da mão de obra de qualidade e da ‘genética x fertilidade’. Tudo isso está amarrado. A nutrição, a sanidade e quando você faz a fêmea superprecoce, você desconcentra a estação. Os programas de avaliação e desempenho de touros em IATF têm ajudado, os protocolos modernos, aplicativos de gestão da IATF têm dado mais performance para a mão de obra no campo. E o mais importante ponto. Genética x Fertilidade. Nós devemos escolher touros de fertilidade comprovada em IATF, sim, mas não cegamente. Aquele touro precisa carregar uma carga genética que te dê a precocidade e fertilidade que você deseja”, concluiu.
FONTE: SITE GIRO DO BOI.